sábado, julho 29, 2006

Nada

Nada me toca mais
que um puro
escorrer de uma lágrima
da nuvem que seguro.
Nada me fustiga mais
que o teu rosto brilhante
se esgueirando sob a chuva,
manchado de diamante.
Enquanto a minha emoção vaza,
a tua mão tão rasa
me atira de volta ao mundo
como uma lira de som profundo,
como um violino
despejando pranto
e cortando o ar fino
com o seu canto.
Nada me alegra mais
que o toque colorido
do teu lábio macio
todo vestido de cio.
Nada me atiça mais
que o atrito
das tuas plumas
e o grito
em meio às brumas.
© Yussef - 2006

sexta-feira, julho 28, 2006

Ciclovia

Se é verdade o que todos os médicos dizem sobre fazer exercícios, praticar ciclismo, natação etc. também é verdade que para manter o ritmo de atividade física com o ciclismo, que melhora a troca gasosa do nosso organismo, é preciso investir um bom dinheiro para se ter uma bicileta razoavelmente boa.
Eu tive a sorte de conseguir uma Sundown Leader TZ com quadro em alumínio Full Suspension, pedais Mountain Bike, freios V - Brake em alumínio e 21 velocidades.
Fiquei sabendo que uma dessas não sai por menos de R$650,00.
Até aí tudo bem. Eu tive sorte num trabalho realizado e pude comprar.
Mas quantas pessoas não conseguiram?
Sou partidário de uma campanha "Uma Bicicleta Para Todos".
Não que isso venha se sobrepor à "atendimento médico para todos" ou "segurança para todos", "educação e trabalho para todos".
Mas acho que o povo brasileiro faz mais do que juz às bicicletas.
E não só àquilo que já é obrigação legal dos governantes.
A questão ainda muito incipiente são as ciclovias.
Ainda há poucas nas cidades brasileiras.
Barbacena tem um ótimo projeto, só não sei se já está totalmente funcionando.
Curitiba tem boas ciclovias.
O Rio de Janeiro e São Paulo têm problemas de insegurança nas ciclovias, o que afugenta a maioria dos pedalistas pelo medo dos eventuais tiroteios.
No final das contas, seria muito bom a população ter acesso à bicicleta e também existirem mais e melhores ciclovias nas cidades brasileiras.
Eu vi a imagem de uma espécie de ciclovia dos sonhos e coloco aqui, bem ao lado.
Ahh... que sonho...

quarta-feira, julho 19, 2006

O Celular e o Cinema

Era uma noite fria e estávamos sendo chamuscados pelos reflexos do luminoso de néon na fila de entrada do cinema.
Enquanto eu me perdia tentando contar os ciclos de acender e apagar as luzes vermelhas e amarelas, a fila andava lentamente na direção do salão de espera.
Que bom eu ter ingresso antecipado.
Mariana Hugo e Nadja conversavam fazendo previsões sobre o quanto o filme seria dramático, engraçado ou luxuoso.
Já dentro do salão, uma mulher grita que o celular tinha sumido.
Alvoroço.
Um homem engravatado começou a fazer perguntas a todos.
Com ar de aborrecido ele tentava saber o paradeiro do celular da madame.
Daí, o meu celular tocou.
Descobri que tinha esquecido ligado.
Antes de eu atender, o gerente engravatado do cinema e a dona do celular perdido se aproximaram de mim para ver o meu celular.
A mulher me perguntou:
- Por acaso tu viste o meu celular? É um Siemens S55.
O meu também era um Siemens S55.
Eu respondi que não e peguei no meu Siemens para atender.
Era do serviço de recados pedindo pra ligar para a empresa onde trabalho.
Lá vem encrenca, pensei.
Ao desligar, a mulher - Dona Dulce - quase convencendo o gerente do cinema que aquele era o telefone dela, me disse se podia ver o aparelho.
- O quê? Este é meu. Ou será que só existe um?
O gerente aparentando gentileza e cansaço da mulher me pediu:
- Posso olhar o aparelho?
- Até pode, mas esse é meu e duvido que tenha algum outro com o papel de parede de uma BMW M3 amarela.
A mulher disse:
- É da mesma cor que o meu.
E o gerente falou enquanto que fila já chegava ao fim:
- Não tem papel de parede de BMW.
Tomei da mão dele e... pude ver o que meu filho fazia brincando com o celular em casa – tirou o meu papel de parede e botou um pokemon.
Já quase saindo do trilho eu disse para mulher:
- Senhora, qual é a sua operadora ou diga um número da sua agenda, assim comparamos e encerramos isso porque não vou perder o filme, certo?
Esclarecido que não era o dela, entramos finalmente na sala. Quando acabava o trailer.
Estava escuro e o balde de pipocas da Nadja caiu no colo de alguém.
Desculpas pra lá. Não tem problema pra cá...
Comecei a pensar que não ir à estréia teria sido melhor.
Apesar do escuro, conseguimos enxergar lugar para sentarmos.
Tudo parecia ter melhorado.
Numa das cenas de ação, Van Helsing lutando contra vampiros, todos da frente gritaram e se levantaram.
Um gato passou correndo, sabe Deus atrás de que, pelas pernas das pessoas sentadas.
Acho que pensaram que era algum vampiro rastejante (hahaha).
Mais gritos do outro lado.
Ouviram-se latidos.
Pararam o projetor e acenderam as luzes.
Gente se levantando e indo pro fundo do cinema.
O tal gerente e mais uns quatro ou cinco auxiliares com vassouras nas mãos corriam lá pra frente.
Foi aí que pude ver.
Um gato correndo em fuga de um cão que parecia um labrador.
Eu já tinha visto de tudo num cinema, mas aquilo era espantoso.
Levou uns 20 minutos até que conseguiram expulsar os bichos da sala muita gente já estava indo embora esbravejando querendo o dinheiro de volta.
Resolvemos ficar e tentar assistir o filme.
Mas o técnico da sala de projeção, ocupado em ver o que acontecia lá embaixo, esqueceu alguma coisa que não podia.
Deu pane no projetor e o segundo projetor estava com a segunda metade do filme.
Perdemos quase toda primeira metade.
O serviço de alto-falante informou que o cinema ia devolver os ingressos para o dia seguinte.
Se arrependimento matasse, eu já estaria com missa de sétimo dia.
Achamos melhor ir embora.
Chegando à saída, surpresaaa... chovia muito.
De onde teria vindo aquela chuva não prevista?
Vamos assim mesmo senão as coisas pioram” disse eu pros amigos.
Afinal, o meu celular foi confundido com algum perdido, o Van Helsing não conseguiu matar todos os vampiros porque um cão caçava um gato e o projetor pifou.
Preparamos pra começar a correr na chuva em direção a uma pizzaria.
Um funcionário do cinema correu na minha direção falando alto:
- O senhor deixou cair o celular.
Nem discuti, peguei e fomos debaixo de chuva pra pizzaria Angelo’s.
Chegamos ensopados, mas nos deram umas pequenas toalhas só pra quebrar o galho.
Tudo bem.
Apesar de molhados, ali não tinha nenhum vampiro interrompido nem um cão enlouquecido.
Daí tocou um telefone.
Nem dei bola, mas o Hugo falou “atende que não é o meu”.
Porém o toque não era do meu aparelho.
Tirei do bolso e gritei um fdp !!

Era o Siemens da tal Dona Dulce.

segunda-feira, julho 17, 2006

Pan 2007


Andei pensando: mal saimos de uma copa do mundo algo decepcionante e vamos mergulhar direto na copa da eleição.
Tem candidato se preparando pra inundar as ruas , praças e todo o espaço que for possível pra fazer sua campanha.
Isso dominará as conversas nos bares, nas praias, nos pontos de ônibus etc.
Este é um período particularmente barulhento.
Imediatamente depois nós estaremos no tão falado Pan 2007, lá no Rio de Janeiro.
Tomara que a organização esteja de bom nível.
Mas uma coisa eu confesso que não gostei.
Criaram o símbolo do Pan que mais parece propaganda das lojas Ri-Happy.
Fiquei me perguntando se, num país com tantos talentos da propaganda e do marketing como o Brasil, ninguém conseguiu bolar algo original.
Enfim, caminhamos para a torcida de novo.

domingo, julho 09, 2006

Hot Dog

Todos nós sabemos que o povo dos Estados Unidos adora essas coisas de estatísticas, pesquisas e competições bizarras.
Recentemente teve mais uma dessas competições: a do homem que come mais cachorros-quentes.
Um japonês radicado na América acabou ganhando depois de comer 54 cachorros-quentes.
E foi comemorar a vitória num churrasco oferecido, propositalmente, pela organização.
Obviamente que não tinha nenhum brasileiro que dependa do bolsa-família lá.
Senão a gente vencia fácil.

segunda-feira, julho 03, 2006

Au Revoir Brasil

É gente, perdemos.
Certamente que tem muita gente no país fazendo verdadeira autópsia pra se chegar à causa mortis da seleção brasileira.
Em 90 minutos foi apenas um único chute no gol da França. E foi Ronaldo quem chutou.
Mas não podemos esquecer que esse time não jogou uma só partida realmente seguro e vibrando com as vitorias.
Viu-se uma nítida diferença de vibração entre a comissão técnica do Brasil, da Alemanha e de Portugal.
Até nossa comissão técnica era apática.

Por outro lado, não me lembro de nenhuma outra seleção que tenha ido à Copa tão favorita e que tenha ganho.
A de 1958 não era tida como favorita.
A de 1962, apesar do título de 1958, também não era.
A seleção realmente mágica, encantadora e insuperável de 1970 saiu daqui maldita. Teve muitos problemas apesar da excelente eliminatória de 1969. Até tiros tentaram dar no técnico João Saldanha.
A de 1994 não saiu favorita.
A de 2002, depois da final de 1998, também não saiu.
Já a de 2006 era tão favorita que nós só pensávamos de quanto íamos ganhar.
Era melhor do mundo pra cá, melhor do mundo pra lá...
Um verdadeiro sapato alto de gala.
Melhor do mundo foram Mané e Pelé.
O mesmo Pelé que disse ter mau pressentimento com o jogo contra a França.
Perdemos.
Viramos fregueses da França.

Ficaram algumas perguntas que realmente não querem calar.

  1. Por que a nossa seleção estava muito mais apática sábado do que na fatídica final da Copa de 1998, quando Ronaldo supostamente teve aquelas convulsões e estavam todos se dizendo traumatizados?
  2. Que misteriosa tarefa o Roberto Carlos fazia agachado por tanto tempo quando Zidane batia a falta que acabou em gol justamente pela lateral esquerda, deixando o Henry livre?
  3. Por que o Zidane jogou livre e sem nenhum tipo de marcação?
  4. Por que o nosso banco e comissão técnica não gritava pra empurrar o time pra frente, ocupar espaços e ganhar o jogo?
  5. Por que eu tô com a impressão que os jogadores não queriam ganhar essa Copa?
  6. Os boatos de que teria havido um grande acordão e essa Copa estaria destinada à Itália ou Alemanha é verdadeiro então?

De qualquer jeito, agora só em 2010 na África do Sul.
Só não concordo é com torcedor brasileiro chorando.
Porque tinha jogador que saiu do campo até abraçando e rindo com Zidane.
E eles ganham o que o povo brasileiro nem sonha.