domingo, abril 30, 2006

Galbraith Foi Encantado

No dizer do saudoso Pedro Nava, as pessoas que não morrem, elas se tornam encantadas.
John Kenneth Galbraith morreu ontem.

Ainda me lembro do excelente trabalho dele A Era da Incerteza, o qual virou uma série de programas.
Passou algumas vezes no Brasil pela antiga TV Manchete, TVE/Cultura e até mesmo Globo.

Galbraith contestou os modelos econômicos tradicionalistas e sempre defendeu que os benefícios de uma economia de mercado não atingem a todas as parcelas de uma sociedade.
Para ele os problemas sociais deveriam ser melhor resolvidos com base no maior investimento do Estado, devolvendo os impostos pagos sob a forma de atendimento às necessidades de um povo.
Obviamente que a corrente monetarista é contrária, acumuladora e combateu Galbraith até o fim.
Porém suas idéias sempre se mostraram muito lúcidas.
Com a administração Reagan de um lado do Atlântico e de Thatcher do outro, os governos passaram a abandonar o modelo de altos impostos para financiar os gastos públicos, usando a desculpa do aumento da inflação.
Conseqüentemente, o Estado passou a investir muito menos e, obviamente, o retorno social desceu a níveis ridículos.
Foram os monetaristas que sopraram pelo mundo os ventos das chamadas privatizações.
O Brasil também seguiu isso... e resultado: hoje a Embratel pertence ao México; a Telebrás perdeu patentes importantes e seu centro de pesquisa vive à míngua; a Cobra Computadores foi amordaçada e a lucrativa Vale do Rio Doce passou a engordar a um empresário.
E isso sem nenhuma indenização ao povo que construiu tudo.

É lamentável, mas absolutamente não melhorou em nada as nossas vidas.

Já tô sentindo saudades do professor John Kenneth Galbraith.