quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Passado Marcado

Um dos pontos mais nevrálgicos de uma partida de futebol é a atuação do árbitro.
Seu desempenho no jogo pode valer a tranquilidade do espetáculo ou uma mancha em sua carreira.
Em alguns casos, essa mancha fica por muitos anos.
Recentemente foi relembrada a famosa final do campeonato carioca entre Botafogo versus Fluminense em 1971.
Colheram a opinião de José Marçal Filho, juiz daquele jogo, e ele ainda hoje insiste em afirmar que foi regular o lance do jogo que definiu o campeão.
Vamos relembrar.
O árbitro José Marçal Filho teve sua carreira, a bem da verdade, apagada depois da final do Campeonato Carioca de 1971.
Naquela decisão, o Botafogo tinha a vantagem do empate.
Faltando apenas quatro minutos, bola na área do Botafogo.
O lateral tricolor Marco Antonio, da seleção brasileira do ano anterior, sobe e empurra o goleiro Ubirajara.
A bola sobra para Lula, já com o goleiro caído.
Lula fez o gol do título do Flu.
Pertinho do lance, José Marçal valida o gol. Ninguém entendeu.
Não satisfeito, no fim da partida, levanta as mãos e dá um pulinho comemorativo.
No dia seguinte, depois da enxurrada de protestos (conforme mostrou o Baú do Esporte, da TV Globo), Marçal deu uma entrevista dizendo que o pulinho apenas comemorava "sua boa atuação".
E essa não foi a única vez que esse juiz influiu no resultado de um jogo.
No Torneio do povo, em 1973, o Coritiba precisava apenas do empate no jogo contra o Bahia, fez o primeiro gol e o José Marçal cometeu os seguintes equívocos: validou um gol em completo impedimento do Bahia; marcou uma penalidade claramente inexistente contra o Coritiba; e por fim expulsou dois jogadores do Coritiba.
Com isso o Bahia fez dois gols virando o placar.
Lamentavelmente (pra ele) o técnico do time paranaense fez uma recomposição do time e, num cochilo da defesa do Bahia, o Coritiba empatou e ficou com título, devido sua vantagem de empate.
Ele bem que tentou, mas não funcionou.
Esse juiz, não é à toa, esteve cerca de 3 anos impedido de apitar jogos do Botafogo.
Na verdade, eu não me lembro quais eram exatamente as condições de regulamento dos campeonatos daquela época que propiciavam um time bloquear um árbitro, mesmo que por conta de um lance altamente polêmico, como esse entre Marco Antonio e o goleiro Ubirajara.
Pois hoje em dia, se um time for prejudicado pela arbitragem, acho que não tem poderes para bloquear o árbitro.
Fica então a sugestão para que a Fifa ordene a profissionalização da arbitragem.
Talvez isso diminua os erros de arbitragem pelo mundo.

sábado, fevereiro 21, 2009

Da Violência

Os dias de hoje estão cada vez mais cheios de notícias sobre violência de toda a sorte.
Diferentemente de 20, 30 ou 50 anos atrás, nos tempos atuais temos um (aparente?) número muito grande de notícias sobre a virulência da essência humana expressa pelo comportamento agressivo do homem atual.
Hoje há inúmeros satélites em órbita vigiando a Terra.
Há inúmeras agências de notícias.
Há um gigantesco acesso da população a câmeras e filmadoras.
A maioria embutidas em telefones móveis.
Isso transformou um grande número de pessoas em repórteres, em testemunhas que rapidamente noticiam tudo.
Não posso atribuir exclusivamente a isso a diferença entre o número de casos de violência humana de antigamente e a quantidade de hoje.
Até porque isso seria um raciocínio simplista demais.
Rudimentar demais.
Mas hoje, sem dúvida alguma, as pessoas estão cada vez mais sujeitas aos conteúdos de violência que são difundidos pelo veículos de sugestão social.
E isso, certamente, contribui para despertar mais cedo a essência animalesca e descontrolada no ser humano.
Nenhum governo do mundo sequer tentou se debruçar sobre o problema a fim de isolar as possíveis causas e promover uma harmonização do homem com o homem.
Quem ainda brada sobre o problema são as doutrinas religiosas.
Mesmo assim, há aquelas que até pregam as chamadas "guerras santas".
Temos lido, especialmente nesses últimos dias, sobre vários atos de homem contra homem.
Crianças vítimas de armas de fogo.
Crianças sendo estupradas.
Crianças roubando e ameaçando adultos.
Um dos mais recentes é o do menino de 13 anos que esfaqueou um colega de escola de 12 anos em Campo Grande, MS.
E consta que o piá agressor ameaçou a diretora da escola também.
O guri de 12 anos teve parada cardíaca, sofreu cirurgia e está sob observação num CTI.
Se ninguém tiver interesse em salvar o agressor, que só tem 13 anos, de si mesmo, podem se preparar para abrigar mais um problema no meio social.
Esse e outros casos do gênero mostram que o homem está a passos largos na caminhada rumo ao homo violens.
E que as expressões "esporte para a juventude" não é suficiente isoladamente.
Há que se prestar mais atenção no que está sendo oferecido aos jovens.
Acredito que os espetáculos de violência que as TVs entornam em cada casa possuem grande participação nessa evolução do mal.
Acredito que a falta de uma política pública séria, honesta e sem interesses de lucro em segundo plano certamente tem grande responsabilidade nessa tragédia também.
Qual será o futuro de um grupo social que larga ao léu seus jovens?
Com certeza será muito ruim.
Depois não vai adiantar chamar a polícia.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Óculos e a Imprensa

Nossa liberdade de sermos o que queremos em nossa vida pessoal parece não agradar aos cães da imprensa atual.
Se a imprensa desenvolve seu papel informando a todos sobre tudo, também atropela limites da vida pessoal de várias pessoas só para ter o que noticiar.
Esqueceram da ética?
Ainda me lembro do terrível episódio da Escola de Base.
Os donos foram acusados e até presos depois que vários órgãos da imprensa publicaram uma série reportagens sobre seu envolvimento no suposto abuso sexual de crianças, todas alunas da Escola Base.
Não havia qualquer indício de que a denúncia tivesse fundamento, mas a polícia prendeu o casal dono da escola assim mesmo.
Eles travam uma batalha judicial hoje para serem compensados pelo prejuízo de uma denúncia inconseqüente e mentirosa.

Agora o sítio americano ICYDK ( http://icydk.com )acaba de publicar uma história de que a Lourdes Maria, 12 anos, filha de Madonna, estava usando óculos grandes, antigos e com lentes transparentes do avô.
Daí, fiquei pensando qual seria a relevância do impacto dessa notícia?
Será que o planeta Terra será salvo das guerras por causa da foto dos óculos de Lourdes Maria?
Será que a fome acabará no mundo depois da publicação dessa foto?

Tô achando que os veículos de imprensa se tornaram verdadeiras hienas, ávidas por devorar qualquer coisa.
Não há freio para se publicar todo o tipo de coisa.
O importante é publicar e vender.
Como sempre diz o Patolino em seus episódios: “...isso é desprezível...”.

domingo, fevereiro 15, 2009

Caso Paula Oliveira

Eu estava pensando... pensando...

Enquanto tento acompanhar o embrulho que se tornou o caso da advogada Paula Oliveira que parece ter sido atacada por neonazistas na Suíça.
Pelo que entendi, ela saía de um trem, grávida de gêmeas, quando foi agredida por alguns nazicarecas, como uma forma de castigo por ser estrangeira.
Dizem que um dos agressores possuía uma suástica na cabeça.
O mundo está uma salada de insanidades.
Uma agressão dessas sempre ressuscita o eterno embate entre o pensamento de direita e o de esquerda.
O de direita tem o vinco do nacionalismo, da reserva social de mercado, da intolerância e da xenofobia.
O de esquerda tem o signo da socialização descontrolada de tudo, da intolerância, mas não chega a ser tão xenófobo.
Posso dizer que a xenofobia levou inúmeras pessoas a sofrerem muito em vários pontos do planeta, durante a linha de tempo da história humana.
O maior e mais importante exemplo que conheço são os ciganos.
Estes sofreram, e ainda sofrem, ações diretas da intolerância social e racial praticamente no mundo todo.
Paula Oliveira está sob a suspeita de ter simulado o tal ataque.
Sinceramente não sei se isso é factível, dadas as características das marcas de corte apresentadas por ela.
Parece que seria muito difícil a própria pessoa produzir aquelas marcas com a firmeza do traço apresentada.
Por outro lado, a polícia suíça advoga que Ana não estava grávida e que não há marcas de chutes e socos, tal como ela teria afirmado.
E o diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, Walter Bär, disse em relatório que "qualquer médico forense experiente não hesitaria em dizer que este é um caso de autoflagelação".
Afirmou ainda, que ela sofreria de um distúrbio psicológico que a leva a fazer autoflagelação.
Parece que não está claro se Paula Oliveira foi mesmo atacada por “carecas” ou se ela mesma produziu isso.
O fato é que se ficar demonstrado que foi ela mesma, Paula corre o risco de ser expulsa da Suíça, sem prejuízo de um belo processo.
Por outro lado, se ficar claro que a versão dela é real, a polícia suíça terá grande abacaxi nas mãos.
Vai ter que capturar os agressores e isso vai dar muito pano para mangas no cenário interno da Comunidade Européia, pois a polícia suíça terá que prender cidadãos suíços ou alemães por causa de uma estrangeira.
Adicione que os suíços tem fortes resistências à presença dos alemães por lá.
E os discursos populares que tomarão partido da brasileira até já começaram.
Parece que boa parte dos suíços não gosta muito de alemães.
Tipo se os culpados forem alemães: prende rápido.
Se forem suíços... ah... vamos apurar com calma.
Isso deixa vislumbrar o traço da xenofobia que, a bem da verdade, sabemos existir na Europa.
Os portugueses são, provavelmente os menos intolerantes de todos os grupos sociais europeus. A imensa maioria é ainda intolerante e guarda partes xenófobas dentro de si.
A Europa estava assim já antes da 1.ª Guerra Mundial.
Só espero que as partes envolvidas tenham a honestidade e decência de assumir publicamente o resultado desse enorme embrulho.
Sem se deixarem envolver por manipulações e interesses políticos.

Enquanto isso, eu continuo vendo que o ser humano ainda desfila sua essência fascista, sempre que um solo fértil se apresenta.

O fascismo é a atitude do homem médio diante da vida e dos outros.
Sempre eivada por desamor e intolerância inconscientes.